SMS, torpedo de voz, Bluetooth, sites especiais e aplicativos: tudo para os consumidores caírem na sua rede
São 170 milhões de celulares habilitados no Brasil. Quem souber fazer um marketing direcionado pelo celular tem muito a ganhar. De acordo com Federico Pisani Massamormile, presidente da Mobile Marketing Association (MMA) e da agência especializada Hanzo, esse tipo de campanha entrou de vez nos orçamentos das empresas. “O celular se transformou em uma mídia de massa. Mas com o diferencial de ser possível falar com cada consumidor individualmente”, diz. Segundo cálculos do presidente da MMA, foram investidos em mobile marketing no Brasil cerca de R$ 80 milhões no ano passado e esse volume deve alcançar R$ 200 milhões em 2010. A principal recomendação para quem quiser investir em ações do gênero é simples, porém, nem todas as empresas costumam seguir: o consumidor está sempre no controle e deve autorizar o recebimento de qualquer mensagem. Também é preciso definir bem o público-alvo e o objetivo da campanha. A seguir, Pequenas Empresas & Grandes Negócios mostra como conquistar o consumidor pelo telefone.
SMS
Custo: De R$ 1 a R$ 1,50 por mensagem
É a forma mais antiga, comum e fácil de conquistar clientes pelos celulares. Segundo dados da MMA, 82,5 milhões de usuários de celular comunicam-se por mensagens de texto (dados de 2008). Para realizar ações de divulgação institucional e promoções por SMS, é necessário ter parceria com as operadoras. Geralmente, contrata-se uma agência para fazer essa ponte. É possível enviar mensagens para clientes cadastrados ou contratar os chamados SMS Broadcast, listas das próprias operadoras. “A regra é não invadir a privacidade do consumidor. O cliente precisa estar cadastrado”, diz Fabio Cardoso, sócio da agência especializada Ei Mobile.
Dante Cordeiro, proprietário da Polatti & Cordeiro Imóveis, de Curitiba, achou uma forma original — e eficiente — de usar o SMS para conquistar clientes. Desde o ano passado, ele escreve um número de SMS nas placas de “Aluga-se” e “Vende-se” dos imóveis. Os interessados enviam uma mensagem para o número e recebem um torpedo com os detalhes do empreendimento, como tamanho, valor, quantidade de quartos e vagas na garagem. “Aumentou o número de negócios concretizados e os corretores ficaram mais disponíveis, pois diminuíram as ligações pedindo informações”, diz Cordeiro. Em 2009, o número de contratos fechados cresceu 20% em relação a 2008, ultrapassando 60 no total. Dos 230 imóveis do portfólio da imobiliária, 30 têm informações disponíveis por SMS. “Queremos alcançar 100% neste ano. O cliente que recebe as informações pelo celular já vem pronto para fechar negócio”, afirma.
Torpedo de voz
Custo: De R$ 0,60 a R$ 0,90 por envio
O consumidor recebe uma ligação normal, mas, do outro lado da linha, não há ninguém, apenas uma mensagem gravada. O torpedo de voz, como é conhecida essa chamada, representa ótima oportunidade de relacionamento com os clientes — quando usado corretamente. A Sixpix, especializada em criação de conteúdo, adotou a estratégia para se relacionar com o público dos projetos que organiza. No último evento de tecnologia YouPix, preparado pela companhia, todas as confirmações de presença foram feitas por um torpedo de voz gravado pela apresentadora Rosana Hermann, que tem mais de 48 mil seguidores no Twitter. “A mensagem era bem-humorada e a Rosana é conhecida entre o público-alvo. Sentimos na hora o efeito da ação”, diz Bob Wollheim, presidente da Sixpix. Segundo ele, 80% dos que receberam a mensagem repercutiram o evento de alguma maneira: no Twitter, em blogs, por e-mail ou pessoalmente, no dia do YouPix. “Tem um poder de viralização incrível”, diz Wollheim, que utiliza o recurso para todos os eventos que organiza. A Sixpix só envia mensagens de voz para quem a autoriza, o que é fundamental para conseguir uma boa repercussão. “As pessoas ficam bravas quando recebem esse tipo de mensagem sem permissão”, afirma o empresário. “Também é importante ser relevante. Lembre-se de que a sua empresa vai invadir o celular de uma pessoa.”
Bluetooth
Custo: da máquina, R$ 2 mil por mês (com alcance de 10 metros quadrados); do conteúdo, entre R$ 2 mil e R$ 10 mil
Atingir o consumidor diretamente e próximo ao ponto de venda: essa é a principal vantagem das ações de bluetooth marketing. A tecnologia permite posicionar dispositivos inteligentes em uma determinada área e enviar conteúdo para os celulares das pessoas que passam pelo local. O alcance das mensagens é limitado, mas as empresas podem colocar o dispositivo em um lugar predeterminado ou nas mãos de promotores em áreas de bastante movimento.
Foi o que fez a construtora Plano & Plano. Para divulgar um empreendimento voltado para a classe C em Guarulhos, na Grande São Paulo, duas promotoras circularam pelo centro da cidade e enviaram uma mensagem animada para os celulares em volta. “Informamos detalhes sobre o imóvel”, diz Adriane Cardoso, gerente que coordenou a campanha. Em cinco dias, as promotoras mandaram mensagens para 95 clientes em potencial. “É uma ação que tem um custo-benefício melhor em relação à mídia de rua tradicional. Para quem trabalha com a classe C, com margens apertadas, é muito mais interessante”, diz Adriane.
Como o usuário precisa ativar o bluetooth do próprio celular para receber o conteúdo, não existe perigo de a ação ser considerada invasiva. Muita gente não sabe lidar com o próprio telefone, por isso é importante contar com pessoas que ensinem os clientes a ativar a tecnologia na hora.
Sites
Custo: R$ 15 mil, em média
Do total de celulares existentes no mercado, 6% acessam a internet — ou cerca de 10 milhões de usuários —, de acordo com dados da Mobile Marketing Association. Esse público, que compra pacotes de dados e modernos aparelhos, navega pela rede em qualquer horário ou lugar do mundo. No entanto, os navegadores dos celulares não têm a mesma capacidade de um browser de computador. Por isso, é preciso adaptar o site das empresas para a plataforma.
“Antes de definir as informações que serão levadas para o mobile site, é preciso ter em mente as necessidades dos usuários de celular”, diz Rodolpho Ramirez, sócio da Pixel, agência especializada no assunto. Como o site precisa ser mais leve para rodar facilmente, algumas informações devem ficar de fora. “É preciso avaliar quais conteúdos e serviços são mais atrativos”, diz Daniel Mendes, sócio da agência especializada Fluida.
A empresa de seguro de viagens Travel Ace optou por um mobile site focado nos passageiros de viagens internacionais, que representam 99% do seu público. “O site precisa ser ágil e prestar um serviço para o consumidor. Porque ele só vai acessar se precisar muito”, diz Marcelo Enrique Fernandez, presidente da Travel Ace. No site da empresa, os consumidores encontram os dados de contato, área para registrar ocorrências e as formas de acionar a assistência ao viajante. As plataformas de vendas e de câmbio, por exemplo, ficaram de fora. “Usamos o site de celular como ferramenta de relacionamento para fidelizar o cliente”, diz Fernandez.
Aplicativos
Custo: De R$ 25 mil a R$ 100 mil
Os aplicativos para celular tornaram-se uma febre depois do lançamento do iPhone. O total de downloads da loja da Apple já ultrapassa 2 bilhões e fez com que outros fabricantes também apostassem no recurso. Os downloads da loja da Nokia chegam a 1 milhão por dia, segundo informações da própria empresa. Os aplicativos também vêm se consolidando como um interessante canal de marketing: muitas companhias estão criando aplicativos para estreitar o relacionamento com seus consumidores. “As empresas deixam de ser apenas vendedoras ou prestadoras de serviço e oferecem um produto de valor agregado”, diz David Reck, sócio da agência especializada Enken.
Antes de definir como será o aplicativo para seus clientes, é preciso ter em mente que não se trata de uma peça de divulgação simples. “É necessário envolver o consumidor”, afirma Fabio Cardoso, da Ei Mobile. E oferecer o serviço gratuitamente. Um dos aplicativos corporativos mais bem-sucedidos foi desenvolvido pela fabricante de cerveja Heineken. Ele permite calcular a quantidade de bebida necessária para um determinado evento e localizar bares que vendem a cerveja. “Os aplicativos são uma tendência do mobile marketing viável para qualquer empresa e indicados para quem tem um serviço para oferecer”, diz Cardoso. “Os brasileiros são bastante receptivos aos aplicativos de empresas, mas é preciso ter um conteúdo interessante”, afirma Daniel Mendes, sócio da Fluida. Quem quiser oferecer um aplicativo deverá validá-lo com as fabricantes de celulares.
Publicado no portal revistapegn.globo.com